4.1.10

Cibernarcisismo





Invenção contemporânea? Criação da Era Midiática? Circula-se, atualmente, entre as rodas intelectuais e resenhas da rede um novo conceito que visa denominar uma espécie de narcisista da era digital: o Cibernarciso. Entretanto, não é de hoje que o termo narcisismo é empregado à pessoas que cultuam exageradamente a própria imagem.
Conta a mitologia grega que Narciso, jovem muito belo, despertou a paixão da ninfa Eco. Ele, porém, desprezou o amor que lhe foi oferecido e, como vingança, Eco pediu à Afrodite que ele se apaixonasse pela primeira coisa que visse. Ao se admirar no lago, Narciso se apaixonou pela própria imagem e, incapaz de levar a termos sua paixão, suicidou-se por afogamento. A partir de então, o termo passou a ser empregado à essas pessoas que utilizam a própria imagem como uma forma de devoção e autoafirmação. Sob essa ótica, segundo Freud, o narcisismo é inerente ao ser humano, isto é, desde o nascimento, temos algum nível desse sentimento.
"Espelho, espelho meu, existe alguém no mundo mais bela do que eu?" A famosa frase retirada do conto de fadas "Branca de Neve e os Sete Anões" é um exemplo quase perfeito do Cibernarciso. Troca-se o espelho pelo computador, a madrasta pelo homem moderno e a figura refletida pelos os usuários do ciberespaço. Paralelo a isso, mescla-se os avanços tecnológicos e o acirrado conflito entre o homem e a exposição e, então, configura-se o conto contemporâneo. Nos dias de hoje, a internet - com toda a sua capacidade de manifestação - é o veículo mais acessível e utilizado por esse tipo de pessoa. Diante de sites como Orkut, Twitter, Facebook e MySpace - os quais disponibilizam a criação de redes de relacionamento entre os usuários - a divulgação da perfeita forma intelectual e física torna-se algo essencial.
Assim, corrige-se um sinal aqui, esconde-se uma gordurinha ali e pronto: posta-se uma imagem, muitas vezes, irreal. Tudo isso, na maioria dos casos, serve como um modelo de inclusão na sociedade. Mas, para o jornalista e antropólogo Hermano Vianna, esse processo, ao invés de promover a sociabilidade, acaba por empobrecer os laços sociais. "A internet é então o grande lago-espelho onde o tecnonarciso se contempla e se perde", disse.
Entretanto, como tudo na vida, o grande problema é o exagero. Não é porque a pessoa gosta de se cuidar, enfeitar, produzir e demonstrar momentos que marcaram a vida, que é considerada uma neo-narcisista. O controle sobre essas atitudes e o discernimento quanto ao excesso de exposição são as peças chaves para a satisfação. Para Andrew Morrison, em adultos, um nível razoável de narcisismo saudável permite que um indivíduo equilibre a percepção de suas necessidades em relação às de outrem.
Portanto, o Cibernarciso já é uma realidade do século XXI. Com isso, é necessário que cada pessoa tenha em mente os benefícios e os malefícios desse culto exagerado e dessa demasiada exposição. E por fim, mais uma vez, Freud explica: "O narcisismo é um componente do homem, mas é preciso ter cuidado com o excesso".


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2 comentários:

  1. O Professor diz: "comece sua dissertaçao com perguntas que desenvolvera ao longo do texto"
    "Invenção contemporânea? Criação da Era Midiática?"
    Assim,
    Entretanto,
    e para concluir... algo revolucionário:
    Portanto,

    Vestibulando, né? Se é pra treinar pro vestibular, está ótimo!
    Mas tá cansativo pra quem quer ler algo original.

    Abs

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  2. Opa! Obrigado pela crítica. Realmente, largar o vício do vestibular é complicado. Mas, aos poucos, vou pegando rítmo de blogueiro. Mais uma vez, valeu pelo comentário!
    Abraço!

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