21.3.10

Quanto vale?

Quanto vale a exposição? Um milhão e meio? Não, não. Desta vez não falo do Big Brother. Então, será que expor uma dor irreparável em troca de uma casa, vale? Semana passada tive a resposta. E o pior: SIM, VALE! Beleza, toda ajuda é válida. Ganhar uma casa é válido - ainda mais quando há uma enorme necessidade. No entanto, será que a recompensa minimiza o fato de ter que expor cena por cena de uma tragédia imensurável? Na minha cabeça, não!
Foi exatamente isso que tive o desprazer de assistir na semana passada, no Programa do Gugu, na Rede Record. Muitos devem estar pensando: "Mas, também, né? Quem ainda assiste Programa do Gugu?". Adianto que não assisto, mas não vou usar aquela famosa desculpa: "Ah, estava passando os canais e parei nesse!". O que aconteceu foi que vi a chamada da reportagem e, na mesma hora, fiquei impressionado e obriguei-me a acompanhar.
Bom, o caso era o seguinte: no último dia 14 de Janeiro, Ronaldo, e Edilene, ambos de aproximadamente 30 anos, perderam os dois filhos, Daniel de 6 anos e Geovane de 1 ano e meio, em um gravíssimo acidente, no qual também falecerem a mãe, o irmão e a sobrinha de Edilene. O carro colidiu de frente com um caminhão, na Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Ronaldo trabalha na empresa rodoviária, CCR, que presta serviço à estrada e ficou sabendo do acidente pelos próprios companheiros de profissão. Sem dúvidas uma perda irreparável. Na tentativa de amenizar a dor dos pais, um rapaz chamado Fausto, chefe e amigo de Ronaldo, enviou uma carta para o Programa do Gugu contando toda a tragédia e dizendo que o maior sonho do filho mais velho do casal era de que o quadro "Sonhar mais um sonho" desse uma casa confortável aos seus pais. Sem pestanejar, a produção do programa preparou uma super chamada e uma grandiosa - para não dizer apelativa - edição dos fatos. (Abaixo, assista ao vídeo)








Como já disse, quer ajudar, tudo bem, ótimo! Agora, utilizar-se disso para angariar alguns pontos no ibope, não concordo. Como podem acompanhar no vídeo acima, o grandioso - para não dizer duvidoso - apresentador Gugu Liberato fez um bombardeio de perguntas que obrigou Ronaldo a contar e reviver todo aquele sofrimento recente que, com certeza, ainda não cicatrizou e, quem sabe, nunca cicatrizará. Discordo completamente desse tipo de atitude: utilizar-se de histórias como essa para presentear o protagonista, mas tendo como principal foco o índice de audiência. Pode parecer um pouco insensível de minha parte, no entanto, é preciso enxergar essas coisas com um olhar crítico e perceber que por trás dessa linda ação - de doar uma casa -, com certeza, há a fatídica guerra das emissoras de televisão em busca dos famosos pontos. Vale a reflexão!



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